O binómio foi utilizado para desviar 2,35 mil milhões de dólares em criptos roubados. Foi isto que a agência noticiosa Reuters noticiou numa extensa reportagem. O grupo hacker norte-coreano Lazarus também utilizou a maior troca de bitcoin do mundo, de acordo com os investigadores.
Banco de actividades ilegais?
Em Setembro de 2020, os hackers do Grupo Lazarus da Coreia do Norte roubaram cerca de 5,4 milhões de dólares de moeda criptográfica da pequena bolsa eslovaca Eterbase, incluindo algum bitcoin. Estas moedas criptográficas foram enviadas para endereços em Binance.
Utilizando endereços de correio electrónico codificados, os hackers abriram dezenas de contas anónimas nesta bolsa gerida por Changpeng Zhao, uma das pessoas mais ricas do mundo. A remoção de vestígios digitais revelou-se um sucesso, uma vez que os criptogramas roubados nunca mais foram encontrados. As receitas seriam utilizadas para financiar parcialmente o programa de armas nucleares da Coreia do Norte.
De acordo com a Reuters, este programa enquadra-se num quadro mais amplo em que o Binance actua como um centro para hackers, fraudadores e gangues de droga. O Binance foi utilizado para desviar 2,35 mil milhões de dólares em divisas criptográficas entre 2017 e 2021. Transacções que foram ligadas por governos e agências de investigação a grupos de hackers, gangues de droga e outros criminosos.
"For five years, the world’s largest cryptocurrency exchange Binance served as a conduit for the laundering of at least $2.35 billion in illicit funds, a Reuters investigation has found."https://t.co/poM2daEuGc
— Frank Chaparro (@fintechfrank) June 6, 2022
Um dos grupos mais notáveis a ter utilizado a troca é o grupo Lazarus, um temido colectivo hacker da Coreia do Norte que está por detrás de vários hackers no mundo criptográfico. Entre outros, o governo dos EUA sancionou o grupo por realizar ataques cibernéticos contra o Ocidente. Estão também associados ao recente hack do Ronin sidechain do Axie Infinity, no qual 600 milhões de dólares foram alegadamente roubados. Segundo os investigadores de Chainalysis, Lazarus conseguiu saquear cerca de 1,75 mil milhões de dólares em dinheiro criptográfico até 2020.
Binance diz que está a cooperar proactivamente com cada pedido de investigação. Referindo-se ao hack da Eterbase, também dizem ter “cooperado plenamente com os pedidos recebidos das autoridades eslovacas”.
Requisitos de identificação
Não é que a troca tenha sido completamente ociosa. Sendo a maior troca no mercado de bitcoin, também já não se podem esconder atrás de políticas obscuras.
A bolsa diz que tornou mais rigorosos os requisitos de identificação na sua plataforma de negociação no Verão de 2021. A pesquisa por empresa de análise Crystal Blockchain mostra que o fluxo de fundos ilegais tem caído abruptamente. Contudo, não é claro qual é a política do Binance quando um cliente perde as suas moedas. Por exemplo, tem de haver um pedido oficial de investigação e os clientes lesados têm de assinar um acordo de confidencialidade.
Em 2019, a própria troca foi vítima de um hack em que foram roubados 40 milhões de dólares. Tanto quanto se sabe, as pessoas afectadas foram então compensadas a partir de um pool de seguros de Binance. No início de 2022, a bolsa anunciou que iria criar um fundo de seguros de mil milhões de dólares para cobrir quaisquer danos.
No início deste ano, a Reuters apresentou acusações contra o Binance. A troca iria partilhar dados pessoais de clientes russos com o governo russo. O Binance descobriu este “disparate pertinente”. O silo não tem (ainda) um registo nos Países Baixos, mas tem licenças em França e Itália.
A Bloomberg informa que o regulador americano SEC também lançou uma investigação sobre o símbolo do Binance BNB a partir de 2017, sendo a questão chave se este pode ser classificado como um título.